Serena Williams: "Deves-me um pedido de desculpas". Talvez não - Artigo de opinião

Pois é, a final feminina do Open dos Estados Unidos que opunha a 6 vezes campeã em Flushing Meadows, Serena Williams, à japonesa e estreante em finais de torneios do Grand Slam, Naomi Osaka, acabou envolta em polémica e tudo isto graças a supostos "erros" do árbitro de cadeira, o português Carlos Ramos.

Toda esta polémica começou graças a um warning (aviso) por parte de Carlos Ramos dirigido a Serena Williams sob o pretexto de a norte-americana estar a receber coaching por parte do seu treinador, Patrick Mouratoglou. E como se pode constatar pelo vídeo em baixo, a realidade é que Serena estava mesmo a receber conselhos do seu treinador, pelo que o warning que está envolto em polémica foi na verdade justo.

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“I was 100% coaching” says Patrick, Serena’s coach. “Everyone does it, it’s time to to stop the discrimination Rafael’s coach does it all the time and he’s never gotten the violation” ⁠ ⁠


Descontente com o facto de ter recebido um  warning devido a coaching, Serena Williams, dirigiu-se ao árbitro de cadeira afirmando: "Não recebi indicações, não recebi indicações … Não faço batota, deve-me um pedido de desculpas". Porém, a norte-americana não se ficou por ai e em tom ameaçador disse " Tenho uma filha e faço o que é o mais correto por ela … Nunca mais vais arbitrar uma final".


Após receber o seu primeiro warning, pensava-se que o encontro iria decorrer na normalidade e que iriamos continuar a ver um encontro bastante competitivo. No entanto, a conduta antidesportiva de Serena Williams não se ficou por ai e após ter cedido um break, a norte-americana descarregou toda a sua frustração numa raquete e recebeu um novo warning, desta vez com respetiva perda de ponto.





Após o break, houve um período de descanso e uma nova conversa com o árbitro de cadeira. Serena disse: "Deve-me um pedido de desculpas … Diga! Diga que está arrependido" ao que o árbitro português respondeu: "Não vou pedir desculpa". Porém, o problema esteve quando a mais nova das irmãs Williams disse "E roubou-me um ponto! Também é um ladrão". Algo que Carlos Ramos entendeu como sendo um abuso verbal e atribuiu-lhe um novo warning, desta vez com respetiva perda de jogo.

Após a atribuição do seu terceiro warning, a norte-americana repetiu a "proeza" das meias finais de 2009 e voltou a chamar os supervisores do torneio que, tal como em 2009, deram razão ao árbitro da partida e a perda de jogo foi inevitável. Descontente com a situação, Serena disse que estava a ser vitima de sexismo e que muitos jogadores homens já disseram coisas bem piores e não lhes foi aplicada qualquer sanção.

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Serena Williams says she gets treated differently than “men”

Serena was given 3 violations including a game penalty told the umpire “rather lose” than cheat when accused of getting coaching which is a no no@6abc

Com a perda de jogo, Serena encontrava-se a servir para se manter no encontro. Porém, apesar de ter ganho o seu jogo de serviço, a norte-americana não conseguiu contrariar o forte serviço da adversária e entregava assim o titulo de campeã do Open dos Estados Unidos a Naomi Osaka.

Por um lado, tenho de concordar com Serena Williams quando esta diz que já houve outros tenistas homens que disseram coisas bem piores do que "ladrão" e não lhes foi atribuída qualquer sanção. No entanto, o warning atribuído por Carlos Ramos foi justíssimo e o português estava apenas a cumprir as regras após uma ofensa por parte de um tenista.

No entanto, o que para mim foi o mais repugnante foi o facto da final de 2018 do Us Open irá ser sempre recordada como a final em que Serena Williams se "passou" com o árbitro, e não como a final em que Naomi Osaka venceu o seu primeiro titulo do Grand Slam.

Alguns comentadores disseram que as ações de Serena são derivadas de algumas hormonas que derivam do facto de ter sido mãe em Setembro do ano passado. Em parte não posso deixar de concordar com essas afirmações pois é normal que Serena esteja um pouco mais frágil emocionalmente depois de ter sido mãe. Porém, não posso aceitar as ações que a norte-americana demonstrou em court com ameaças ao árbitro de cadeira, algo que não é digno de uma campeã.

Outro ação que me entristeceu profundamente foi o facto de Naomi Osaka estar em lágrimas durante a cerimónia de entrega de prémios. De certeza que não era assim que a jovem de 20 anos queria celebrar o facto de ter conquistado o seu primeiro torneio do Grand Slam.


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